Prefeitos médicos tem melhor desempenho contra Covid-19
A informação de que um gestor público, no caso o prefeito de uma cidade, tem formação em medicina fica mais evidente em momentos como na atual pandemia causada pela Covid-19 em todo o mundo. E isso porque o conhecimento obtido pelo exercício da profissão, aliado ao cargo de gerenciar um município, faz com que seja esperada uma atuação mais eficaz contra a doença.
Por isso, o portal Brasil 61 fez um cruzamento para ver como está a situação dos municípios gerenciados pelos 276 prefeitos brasileiros que declararam à Justiça Eleitoral que são médicos. De acordo com os números, 210 desses gestores conseguiram registrar taxas de mortalidade pelo coronavírus inferiores à média nacional, que é de 3,3%. Os dados foram baseados nos boletins epidemiológicos disponíveis nos dias 7 e 8 de agosto.
Além disso, 202 municípios governados por prefeitos médicos têm uma incidência da doença menor do que o número referente a todo Brasil, que é de 1.444 casos confirmados a cada 100 mil habitantes. No número de mortes em relação ao número de habitantes, 233 dos 276 municípios governados por médicos tiveram resultados melhores do que o número nacional.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar Mista da Medicina, deputado federal Hiran Gonçalves (PP-RR), essa evidência de que, em sua maioria, os prefeitos médicos tiveram um resultado acima da média brasileira, é um reflexo do conhecimento adquirido pela profissão e na gestão pública.
“Eu acredito que esse resultado se deve por conta do conhecimento que os médicos têm do Sistema Único de Saúde. Uma vez que sem o SUS, mesmo com todas as suas dificuldades, nós teríamos sofrido mais. E os administradores médicos, como eles tem conhecimento desse sistema, principalmente na Atenção Básica, conseguiram ter esse resultado”, explicou o parlamentar.
Vale ressaltar que só são contabilizados os casos confirmados, ou seja, pessoas que fizeram testes. Isso pode diminuir nos dados o número de casos no interior. Os dados também podem ser influenciados pelo fato de existirem muito mais municípios pequenos do que municípios grandes, uma vez que é natural ter uma propagação reduzida da Covid-19 nos municípios menores. Também não entraram na pesquisa prefeitos que, apesar de médicos, não declararam a profissão à justiça eleitoral. Alguns podem ter se declarado como servidores públicos, por exemplo.
Para o coordenador da Câmara Técnica da Atenção Básica do Conselho Nacional de Saúde, Moyses Toniolo, é relevante que a sociedade saiba que nestes lugares, onde a gestão municipal está ocupada por pessoas da Medicina e outras áreas da saúde, os resultados no enfrentamento da epidemia sejam melhores.
“Além disso, é importante termos profissionais dessas áreas ocupando Secretárias Estaduais e Municipais de Saúde, o que ajudaria ainda mais a sociedade a obter destes gestores uma visão privilegiada sobre processos de Vigilância Sanitária e Epidemiológica, portanto com medidas de restrição e isolamento social diferenciados”, afirmou Toniolo.
Por Brasil 61 | Editor local de Saúde: Willen Moura
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