Descoberta nova relação entre sono e diabetes



Estudos anteriores descobriram que problemas de sono, como despertares repetidos durante a noite ou sono insuficiente, promovem intolerância à glicose e podem desempenhar um papel na relação entre sono e diabetes tipo 2. As razões para isso não são bem compreendidas, mas um novo estudo publicado na revista Cell Reports Medicine pode oferecer uma explicação.

Um grupo de cientistas do sono da Universidade da Califórnia, Berkeley, examinou os dados de sono de 647 pessoas. Eles descobriram que uma combinação de duas ondas cerebrais do sono profundo, chamadas de fusos de sono e ondas lentas, pode prever melhor o controle da glicose no dia seguinte do que a duração ou eficiência do sono de um indivíduo.

"Essas ondas cerebrais sincronizadas atuam como um dedo que empurra o primeiro dominó para iniciar uma reação em cadeia associada, do cérebro até o coração e depois para alterar a regulação do açúcar no sangue do corpo", diz Matthew Walker, professor de neurociência e psicologia da UC Berkeley e autor sênior do novo estudo.

Os resultados sugerem que uma maior e mais frequente associação das ondas cerebrais do sono profundo prediz uma mudança no estado do sistema nervoso do corpo para o ramo mais calmante, chamado sistema nervoso parassimpático. Isso também prevê uma maior sensibilidade do corpo ao hormônio regulador de glicose chamado insulina.

"No estágio de sono noturno, há uma série de associações conectadas, de modo que as ondas cerebrais do sono profundo indicam uma recalibração e acalmar do seu sistema nervoso no dia seguinte", acrescenta Walker. "Esse efeito de acalmar maravilhoso associado ao seu sistema nervoso está então relacionado a uma reinicialização da sensibilidade do seu corpo à insulina, resultando em um controle mais efetivo do açúcar no sangue no dia seguinte."

Os pesquisadores replicaram os mesmos efeitos ao examinar um grupo separado de 1.900 participantes e agora esperam que outros grupos de pesquisa obtenham os mesmos resultados.

A diabetes afeta mais de 37 milhões de pessoas, ou 11,3% da população dos Estados Unidos, e espera-se que as taxas aumentem. Um estudo recente descobriu que 20% dos adultos americanos considerados clinicamente "saudáveis" podem ter um padrão de metabolismo da glicose pré-diabético.

A diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença e ocorre quando o corpo não produz insulina suficiente ou as células do corpo não reagem à insulina. A condição não tem cura, mas pode ser controlada com medicamentos, atividade física, uma dieta com baixo teor de açúcar e sono de qualidade, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Pesquisas anteriores sugeriram que pessoas com duração de sono curta têm cerca de 40% mais chances de desenvolver diabetes do que aquelas que dormem de sete a oito horas. Além disso, o risco aumentado de diabetes devido a distúrbios do sono é semelhante ao de ter histórico familiar de diabetes tipo 2.

Embora um sono suficiente não cure a diabetes tipo 2, os autores do estudo esperam que os achados possam ser usados para desenvolver novas tecnologias para alterar com segurança as ondas cerebrais durante o sono profundo para ajudar os pacientes a controlar melhor seu açúcar no sangue.

Adaptado e traduzido com informações de Healthnews Editor local: Willen Benigno de Oliveira Moura

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